Artigo: A verdadeira intolerância – por Felipe Maia

Compartilhar paraShare on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+Share on LinkedIn

Aumento no desemprego, inflação alta, escândalos de corrupção, elevação dos juros, cortes no Orçamento, promessas eleitorais não cumpridas. A lista de problemas do governo Dilma é longa e sentida por todos os brasileiros.

No dia 16 de agosto, milhares de pessoas saíram às ruas para mostrar sua indignação com os péssimos rumos da economia, com a improbidade desenfreada e com a incapacidade deste governo para planejar e executar.

O governo vem tratando com deboche as manifestações legítimas. Foi assim com os diversos panelaços, foi assim com as manifestações do dia 15 de março e as de 12 de abril. Em seu último programa partidário, o Partido dos Trabalhadores ironizou os panelaços e vem classificando sistematicamente os manifestantes como golpistas.

O governo do PT prefere adotar a tática de considerar os 71% dos brasileiros insatisfeitos com o governo como golpistas do que simplesmente admitir os seus graves erros na condução do país. Considerando os números dos organizadores, dois milhões de pessoas participaram das manifestações no último domingo, 1,5 milhão nos protestos de abril e três milhões nas movimentações de março.

Nas manifestações anteriores, o governo avaliou que as pessoas foram às ruas pela reforma política. Esta, sem dúvida, é uma pauta importante. No entanto, o pano de fundo daquelas manifestações, assim como foi a do último domingo, foi a completa insatisfação e indignação com o atual estado de coisas.

Nestas passeatas o pedido de impeachment ficou mais evidente. Nada mais natural. Já se passaram sete meses do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e o governo nada fez, senão piorar a situação em que vivem os brasileiros.

De lá para cá, a inflação subiu ainda mais. Os escândalos de corrupção só fizeram se multiplicar. O governo realizou cortes na educação e nos investimentos. O desemprego aumentou. Os juros subiram. E a paciência acabou. Resultado: a presidente atingiu a mínima histórica de aprovação: 8%.

O povo sente na pele e no bolso as consequências das irresponsabilidades deste governo, incapaz de oferecer, com qualidade, os serviços básicos à população. Cada vez mais, os preços aumentam e as pessoas compram menos. Além disso, a cada dia se toma conhecimento de que mais trabalhadores perderam seu emprego. O crédito e os financiamentos também ficaram mais caros. Os estudantes encontram dificuldades de fazer o financiamento estudantil. Os mutuários veem os programas habitacionais serem cada vez mais restritivos.

Isto tudo deixa o povo desolado, frustrado e sem confiança no futuro. Tudo isso impede uma recuperação econômica mais à frente. Sem confiança, as pessoas não compram, os empresários não investem, o que paralisa a economia e inviabiliza o crescimento do Brasil.

O desemprego aumentou e alcançou 7,5% da população em julho, ou seja, 1,8 milhão de pessoas apenas nas seis maiores regiões metropolitanas do país. A inflação acelerou e chegou a 9,56% em julho. A taxa básica de juros da economia também subiu, passando para 14,25% ao ano em julho, encarecendo os financiamentos e o crédito.

Desde março, o Executivo anuncia cortes bilionários no Orçamento que afetam principalmente os investimentos. Nos primeiros sete meses deste ano, o governo federal já cortou 37% dos gastos com obras e equipamentos em comparação com o mesmo período de 2014. A “mãe do PAC” não poupou sequer sua principal bandeira eleitoral. Quase metade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento não teve nenhum desembolso de janeiro a julho deste ano.

O resultado de tudo isso é queda no consumo, na produção, no investimento e ainda mais recessão. Nesta semana, o mercado anunciou pela primeira vez a previsão de retração econômica por dois anos seguidos, para 2015 e 2016. A economia do país deve recuar 2,1% neste ano e mais 0,16% em 2016, segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central.

Diante destes números e dos novos episódios de corrupção descobertos entre março e agosto, vê-se o porquê de a insatisfação popular ter crescido. As legítimas manifestações não correspondem a uma “intolerância” gratuita, como o governo faz questão de frisar. O que o brasileiro realmente não tolera mais é a economia indo de mal a pior, a corrupção do jeito que está e a incompetência latente deste governo.

Por: Felipe Maia – Deputado federal – especial para a Tribuna do Norte.