A preocupação com o impacto ambiental da mineração e da indústria ceramista explica muitas das 36 diretrizes apontadas como mais urgentes pelos participantes da oficina do Projeto de Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas-Açu (MZPAS), realizada nesta terça-feira (10), no auditório do campus do IFRN em Parelhas. As duas atividades têm participação expressiva na economia do Seridó, mas também respondem por boa parte dos problemas que afetam o território da Bacia – formada por 45 municípios de três regiões –, principalmente o desmatamento e a erosão, vetores da desertificação avançada.
Além daquelas duas cadeias, os agentes públicos e representantes da sociedade civil acentuaram os danos decorrentes da agricultura e da pecuária de larga escala, praticadas sem cautelas conservacionistas, e a escassez de unidades de conservação.
Para mitigar os danos do consumo desenfreado da vegetação nativa como lenha e da degradação do solo pela exploração desordenada, que provocam, entre outras consequências, o assoreamento do rio, foram sugeridas medidas alinhadas com o projeto do MZPAS: conciliar a produção com a conservação, sem prejudicar a economia. O objetivo final é recuperar o que se perdeu e preservar o que resistiu à inconsciência, adotando modelos racionais de produção.
Entre as diretrizes prioritárias listadas, destacam-se:
- – Incentivar projetos de utilização da biomassa vegetal para substituir o uso de lenha de espécies nativas;
- – Promover o ordenamento da exploração mineral, considerando o cumprimento da legislação ambiental, a sustentabilidade da cadeia produtiva, a pesquisa mineral e a geração de postos de trabalho;
- – Fortalecer a agricultura familiar com ênfase na agroecologia, pecuária intensiva e manejo florestal;
- – Difundir informações orientativas aos pequenos e médios produtores no acesso a recursos financeiros e crédito para ampliação de suas atividades de forma sustentável;
- – Diversificar a matriz energética industrial com estímulo à geração de energias limpas (biomassa) e/ou renováveis;
- – Fomentar parcerias com o setor acadêmico e cooperativas de produtores rurais para o desenvolvimento de estratégias de combate à desertificação;
- – Levantar áreas com remanescentes vegetais naturais, com foco nos casos prioritários para recuperação e manutenção;
- – Promover o turismo de baixo impacto que valorize o tema ambiental;
- – Desenvolver tecnologias produtivas que minimizem impactos e aumentem a capacidade produtiva.