Governo Dilma tentou comprar o silêncio de Delcídio do Amaral

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A situação do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) acaba de ficar ainda mais complicada. A revista Veja divulga, na manhã desta terça-feira, uma extensa matéria na qual revela o conteúdo de parte da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na Operação Lava Jato no começo deste ano.

A reportagem obteve acesso exclusivo a conversas que um assessor do parlamentar teve com o ministro da Educação e ex-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante (PT), nas quais este teria prometido dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e não perdesse o mandato.

Tais conversas foram gravadas por José Eduardo Marzagão e entregues à Procuradoria-Geral da República pelo próprio Delcídio em delação premiada. Segundo Veja, o petista disse que o ministro agira a mando de Dilma e acusou o governo de tentar comprar o silêncio de uma testemunha, obstruindo o trabalho da Justiça.

Mercadante teria oferecido ajuda financeira à família de Delcídio e prometido usar a influência política do governo junto ao Senado e até ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar a cassação do senador e sua prisão.

Nos áudios, segundo Veja, o ministro teria dito que Delcidio deveria ficar “calmo”, deixar “baixar a poeira” e não fazer “nenhum movimento precipitado”. Mercadante teria prometido procurar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para “armar um plano” de modo a fazer com que o Senado voltasse atrás na decisão, tomada em plenário, ratificando a ordem de prisão expedida pelo Supremo. “Por que é que não pede reconsideração ao Senado? Pode?”, questiona o ministro. “Acho que não”, diz o assessor. “Em política, tudo pode”, teria dito Mercadante.

Em uma das partes mais chocantes da matéria, o ministro teria dito que Ricardo Lewandowski, o presidente do STF, poderia libertar Delcídio por meio de liminar, durante o recesso de fim de ano do Judiciário. “O presidente vai ficar no exercício… Também precisa conversar com o Lewandowski. Eu posso falar com ele pra ver se a gente encontra uma saída”, teria oferecido Mercadante.

Sem citar o nome, o ministro dá a entender que irá procurar outro ministro do STF e que sua ideia é fazer com que o Senado procure Teori Zavascki para pleitear a soltura do senador. ‘Talvez o Senado possa fazer uma moção, a mesa do Senado, ao Teori, entendeu? Um pedido: olha, nós demos autorização considerando o flagrante, considerando as condições etc, mas não há necessidade pá, pá, pá – pá, pá, pá. E tentar construir com o Supremo uma saída’, diz. A menção ao STF foi ligeira mas estratégica. Naquela altura, a prioridade da família de Delcídio era libertá-lo antes do Natal. Havia, entretanto, a suspeita de que Teori negaria, como de fato ocorreu, o pedido de habeas-corpus. A oferta de Mercadante remediaria o problema.

Durante os encontros, o ministro teria deixado claro que é “leal” a presidente Dilma Rousseff e teria dado a entender, por vezes, que falava em nome da própria.

Delação premiada

A revista Veja revela, ainda, que Aloízio Mercadante tenta evitar uma delação premiada do senador Delcídio: “Eu acho que ele devia esperar, não fazer nenhum movimento precipitado, deixar baixar a poeira, ele vai sair, a confusão é muito grande.”

As conversas publicadas pela reportagem teriam ocorrido nos primeiros dias de dezembro, logo após a família do senador ter contratado um escritório de advocacia especializado em delações premiadas. O assessor decidiu gravar as conversas, pois Mercadante é considerado “desafeto” de Delcídio. “O senador e seu assessor também sabiam como o Ministério Público valorizava gravações com tentativas de obstruir a Justiça. Afinal, uma gravação e uma proposta de auxílio financeiro levaram Delcídio à cadeia, acusado de tentar sabotar o trabalho da Justiça. Como Mercadante, Delcídio também queria calar uma testemunha”, versa o texto.

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