Há indício de que Lula recebeu verba desviada no petrolão, diz Procuradoria

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Em sua manifestação mais contundente desde o início da Operação Lava Jato, a força­-tarefa do Ministério Público Federal afirmou em nota que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi “um dos principais beneficiários” de crimes cometidos no âmbito da Petrobras.

O comunicado dos procuradores, que detalha as ações da 24ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta (4), diz que há evidências de que o ex-­presidente recebeu valores do esquema da estatal por meio das reformas em um apartamento tríplex no Guarujá, de um sítio em Atibaia e também por meio de doações e palestras.

Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

A nota do Ministério Público Federal diz que, ao longo das 23 fases da Lava Jato, “avolumaram­se evidências” de enriquecimento de funcionários da Petrobras, operadores e partidos políticos. O esquema, diz a nota, era comandado a partir das cúpulas das siglas que integram o governo, especialmente PT, PMDB e PP.

Além de mencionar os casos do sítio e do tríplex, o Ministério Público Federal afirma que há “fortes indícios” de que a empreiteira OAS pagou R$ 1,3 milhão a uma empresa contratada para armazenar pertences de seu período na Presidência. O contrato teve seu “real objeto escondido”, afirma o comunicado, porque a nota fiscal informava que os itens armazenados eram da OAS.

Sobre o tríplex, diz o Ministério Público, surgiram evidências de que Lula “recebeu pelo menos R$ 1 milhão sem justificativa” da OAS por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento. Os procuradores afirmam que tudo isso aconteceu de “modo não usual” porque outros apartamentos do condomínio não receberam essas benfeitorias.

Em trecho em que detalha o caso de Atibaia, o Ministério Público Federal afirma que uma mensagem eletrônica mostra que os donos da propriedade, Jonas Suassuna e Fernando Bittar, serviram de laranjas. Também lembrou que, após deixar a Presidência, a mudança do petista foi levada para o local.

No fim do comunicado, a força­tarefa diz que os fatos investigados são de competência federal porque os fatos ocorreram também quando ele estava na Presidência. “Possivelmente sua influência foi usada, antes e depois do mandato –o que é objeto de investigação–, para que o esquema existisse e se perpetuasse.”