Ao pedir sua desfiliação do PT, a senadora Marta Suplicy (SP) frisou, por meio de carta enviada à legenda na manhã desta terça-feira (28/4), que foi isolada e estigmatizada ao tentar se “empenhar numa linha de providências” que voltassem o partido aos fundamentos ideológicos quais foram construídos há 35 anos.
“Percebi que o partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para o diálogo com suas bases e seus filiados dando mostras reiteradas de que não está interessado, ou não tem condições, de resgatar o programa para o qual foi criado, nem tampouco recompor os princípios perdidos”, escreveu, no documento de quatro páginas.
A senadora enfatizou o “constrangimento” com os crimes denunciados, como as denúncias reveladas pela Operação Lava-Jato, que prendeu o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto. “Os crimes que estão sendo investigados e que são diária e fartamente denunciados pela imprensa constituem não apenas motivo de indignação, mas com substancialmente um grande constrangimento”, afirmou.
Marta reclama ainda de ter sido “cerceada e limitada” nas suas atuações políticas, forçando-a a deixar a legenda. “Os fechamentos de espaços são muitos, com acontecimentos e constrangimentos públicos que envolvem situações e ações que, no passado recente, chegaram ao limite de colocar em risco minha eleição como senadora”.
“Eu ajudei a fundar o PT há mais de trinta anos. E me orgulho de ter lutado para melhorar a vida dos brasileiros mais pobres que nunca tiveram chance neste país. Mas o PT acabou se desviando do caminho certo e se contaminando com o poder. Eu quero dizer hoje a vocês que eu não me desviei dos valores que meus pais me ensinaram e que eu ensinei aos meus filhos. Que eu não me desviei da luta por um país mais justo. E que por essas razões, eu deixo hoje o partido. Não para desistir do caminho que iniciei há trinta anos. Mas para continuar a segui-lo.”, disse ainda Marta Suplicy, num video publicado pelo Facebook.
