O anúncio de um novo pacote econômico que será lançado pela presidente Dilma Rousseff nos próximos dias para estimular a economia com foco na construção civil foi recebido com críticas pelo setor no Rio Grande do Norte. Antes que trace novos planos de investimentos, as construtoras sugerem que o governo federal honre as dívidas que se estendem desde o ano passado com as empresas.
O governo anunciou há duas semanas que apresentaria ainda neste mês um pacote de medidas e propostas para ajudar a retomar o crescimento e animar a economia. Seria uma espécie de novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tendo como prioridade o setor de construção civil, que foi o que mais sofreu com o desemprego.
O presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon/RN), Arnaldo Gaspar, concorda que a escolha do setor é acertada, contudo, diz que não causa boas expectativas se não forem sanadas as pendências do pacote anterior. “A construção civil gera imediatamente emprego. É o maior repassador de recursos porque faz circular dinheiro por toda a economia, traz moradia, saneamento e infraestrutura. Mas antes de lançar um plano para o futuro tinha que se lançar um ‘PAC Pague’, pagando as dívidas atrasadas. Hoje, o governo deve faturas de agosto de 2015”, conta o presidente.
Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção apontam que o governo fechou 2015 com uma dívida de R$ 3 bilhões em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), R$ 1,8 bilhão do Ministério das Cidades em obras de saneamento, R$ 1,5 bilhão do Ministério da Integração e R$ 400 milhões da Valec, estatal que cuida de ferrovias. Esse valor de R$ 6,7 bilhões considera apenas as obras que foram efetivamente executadas e faturadas.
Ainda não se sabe quando exatamente o “novo PAC” será lançado, tampouco detalhes sobre valores a serem investidos e se o pagamento dos atrasados estará incluído. Arnaldo Gaspar chama a atenção para que haja um planejamento dentro das condições orçamentárias e, por isso, vê com desconfiança esse futuro anúncio. “Um novo PAC sem lastro orçamentário vai trazer mais inflação. Não adianta lançar novo PAC se for para fazer como o anterior que ainda tem contas a pagar ou sem lastro orçamentário que vai contribuir para arrebentar a nossa dívida pública”, argumenta.