A região seridoense do Rio Grande do Norte tem sofrido por cinco anos consecutivos os impactos negativos da seca. Devido à falta de precipitações, a estiagem prolongada castiga desde 2012 os sertanejos de 153 municípios potiguares e fez o Governo do Estado decretar situação de emergência. Esta é considerada a pior seca da história do estado e gerou R$ 4 bilhões de prejuízo para a economia potiguar.
O tema vem sendo estudado de forma permanente por membros do Grupo de Pesquisa em Dinâmicas Ambientais, Risco e Ordenamento do Território (Georisco), do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O membro do Georisco, Jhonathan Lima de Souza, estudante da graduação em Geografia da UFRN, explica que a escassez das chuvas ocorre devido a um dos fatores responsáveis pelo sistema de circulação da terra: o El Niño, que ao se aproximar da Zona de Convergência Intertropical que fica acima do continente sul americano, próximo a linha do Equador, atinge o Nordeste impedindo a chegada da chuva e, consequentemente, trazendo o regime de estiagem.
Apesar de os fatores climáticos terem influência na crise, o estudante afirma que esses não são os únicos responsáveis pela seca desenfreada, mas que a gestão dos recursos hídricos pelos órgãos públicos são de extrema importância no combate aos efeitos negativos sobre a população em vulnerabilidade social. Com isso, a ausência de políticas públicas também é uma causador de impacto.
De acordo com o pesquisador e professor do Departamento de Geografia, Lutiane Queiroz de Almeida, a vulnerabilidade social é a principal protagonista dessa condição. “A população afetada está mais frágil aos eventos ambientais, e isso irá impactar nas relações socioeconômicas em função de problemas socioambientais oriundos da escassez de chuva”, afirma. Ainda segundo o pesquisador, não é possível combater a seca, mas criar medidas de adaptação.
Segundo Jhonathan Lima, o uso irregular da água pela indústria afeta o volume dos mananciais e a distribuição para consumo humano. “A pecuária, agricultura e fruticultura que são os que mais consomem água”, diz.
Com a irregularidade das chuvas, bacias hidrográficas, açudes e reservatórios não conseguem suprir a demanda da população. Importantes reservatórios do Rio Grande do Norte permanecem com baixo nível e alguns estão com volume inferior a 2% de suas capacidades, segundo análise do Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (IGARN) divulgada em abril.