Desvios no Dnit: Delator afirma que 70% foram para João Maia; No período de campanha chegava a 100%

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Gledson Maia não sabe ao certo quanto chegou a faturar com as fraudes no Dnit. Contudo, revelou que a divisão dos 4% arrecadados nos contratos era de 70% para João Maia, 15% para Fernando Rocha e 15% para ele. Além deles, também havia um pagamento mensal de R$ 15 mil a um familiar do então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento. O familiar residia em Natal durante o período das fraudes e o próprio Gledson Maia chegou a efetuar os pagamentos pessoalmente. No período próximo à campanha eleitoral de 2010, no entanto, 100% do valor arrecadado era repassado a João Maia, sob a justificativa de que se tratava de um empréstimo e que os valores seriam devolvidos posteriormente.

Mesmo sem afirmar quais os valores totais desviados com o esquema de corrupção, Gledson Maia citou casos específicos na delação. Em um deles, o sobrinho de João Maia disse que seu tio tomou emprestado R$ 400 mil do dinheiro que era guardado em um flat do então deputado, no bairro de Petrópolis, oriundos da parte que cabia ao delator no esquema. O dinheiro supostamente teria sido utilizado em campanha política e nunca devolvido a Gledson Maia.

Em planilha apreendida durante a operação, estava discriminado um valor de R$ 900 mil. Gledson Maia explicou que se tratava de um débito de parte dos 4% referentes à obra de uma empresa investigada. Além disso, o delator também relatou pagamentos de R$ 253 mil por um construtor diretamente a João Maia, em Brasília e presenciado por Gledson Maia, além de pagamentos em outra construtora no período de campanha, sendo o maior deles de R$ 100 mil. Os valores, segundo o sobrinho do ex-deputado federal, seriam utilizados na campanha política.

Memória

Deflagrada em 2010, após pelo menos seis meses de investigação, a Operação Via Ápia denunciou mais de 30 pessoas pessoas por suposto envolvimento em esquema de corrupção dentro do Dnit. O ex-deputado João Maia, no entanto, não aparece como réu no processo. Gledson Maia foi um dos denunciados e, com o objetivo de conseguir a redução da pena, ele decidiu delatar como ocorria o esquema e a participação de outras pessoas, e a reparar o dano aos cofres públicos. Pela delação, que está em segredo de Justiça, é possível identificar valores desviados superiores a R$ 2 milhões.

No depoimento, que foi avalizado pelo MPF, Gledson Maia cita a participação de quatro empresas no esquema fraudulento. Elas pagavam propinas que eram divididas, inicialmente, entre o sobrinho de João Maia (então chefe do Setor de Serviços do Dnit/RN), Fernando Rocha (então superintendente do órgão) e o próprio João Maia, que ficava com cerca de 70%. Além dessa propina, outros valores eram repassados a políticos do grupo ligado ao então deputado. Entre os nomes citados por Gledson Maia estão dois deputados estaduais, um vereador de Natal, um ex-prefeito de cidade do interior e um ex-vereador de Natal.

Com a delação, Gledson Maia se comprometeu a devolver R$ 200 mil, pediu redução de 2/3 da pena e substituição de qualquer que seja a sanção por penas restritivas de direitos, com prestação de serviços à sociedade. O processo ainda segue em segredo de Justiça e não há a confirmação se novas pessoas se tornaram rés. Embora não tenha sido ameaçado, Gledson pediu ainda que qualquer caso de violência contra ele seja investigado: “Não tenho inimigos. Se algo me acontecer após o que falei, que mexe com interesse de muitas pessoas, peço que seja investigado”.

Fonte: Tribuna do Norte.

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