Alvo de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articula a criação de uma CPI do Ministério Público, autor do pedido de inclusão de seu nome no rol de investigados na Operação Lava-Jato. Entre os focos das investigações estariam os encontros entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), dias antes de a lista ser encaminhada ao STF.
A iniciativa, no entanto, encontra resistências no próprio PMDB. Um dos motivos é que Janot também esteve algumas vezes com o vice-presidente da República e presidente do partido, Michel Temer, entre dezembro passado e este ano. Outro peemedebista que se encontrou com Janot foi o então presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN) no final do ano passado. Nessa conversa, o procurador-geral tranquilizou o então deputado sobre as investigações. Segundo relato ao GLOBO de um peemedebista que presenciou a conversa, Janot informou a Henrique Alves que os elementos contra ele eram “frágeis”. O ex-presidente da Câmara teve seu caso arquivado.
Apesar da disposição de Renan em enfrentar o Ministério Público Federal em uma CPI, aliados avaliam que a situação do presidente do Senado neste momento é delicada e ele não teria a força necessária para segurar requerimentos contra o PMDB e que prejudiquem a vida do PT e do governo Dilma. Assim, a avaliação é que uma CPI durante as investigações contra os parlamentares seria um “tiro no pé”, pois colocaria a opinião pública contra o Congresso.
