Temer afirma que país pode ir à OMC contra sobretaxa de Trump ao aço

Compartilhar paraShare on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+Share on LinkedIn

O presidente Michel Temer na abertura do Fórum Econômico Mundial para América Latina (Foto: Beto Barata/ Presidência da República)

O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (14), na abertura do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, em São Paulo, que aposta no diálogo com os Estados Unidos para tentar retirar o Brasil da lista de países que terão de pagar uma sobretaxa ao aço importado pela indústria americana.

Segundo Temer, se não houver uma solução “amigável” e “rápida” com os Estados Unidos, o Brasil enviará junto com outros países uma representação à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a criação de novas taxas para a importação de aço e alumínio, de 25% e 10%, respectivamente. A medida vale a partir de 23 de março.

“Se não houver uma solução digamos assim amigável muito rápida, vamos formular uma representação à Organização Mundial do Comércio, mas não unilateralmente, não apenas o Brasil, mas com todos os países que tiverem prejuízos em função dessa medida tomada”, declarou Temer.

O presidente fez um pronunciamento na plenária de abertura e respondeu a perguntas do fundador do fórum, Klaus Schwab. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), também participaram.

A questão do aço foi abordada por Schwab após o discurso de Temer, no qual o presidente listou realizações de seu governo, como o teto de gastos e as reformas trabalhista e do ensino médio.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás do Canadá, que foi excluído da taxação. Cerca de um terço das exportações brasileiras seguem para a indústria americana.

Representação à OMC

Temer reconheceu a preocupação com o impacto da medida anunciada por Trump. Ele disse que pretende telefonar em breve para o presidente norte-americano, a fim de discutir o assunto.

“Nessa questão do aço, realmente há uma grande preocupação. Pelos tratados internacionais a taxação do aço poderia variar de 0% a 4,5%, e houve uma taxação de 25% no caso do aço e 10% no caso do alumínio. Temos que tratar com muito cuidado dessa matéria”, disse Temer.

O presidente destacou que o governo discute formas de lidar com a taxação, apostando no diálogo.

Ele lembrou que na segunda-feira (12) recebeu no Palácio do Planalto o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo.

De acordo com o presidente, ficou alinhavada a possibilidade de enviar representação à OMC junto com outros países, se não houver uma solução para o impasse gerado pela medida anunciada por Trump.

O presidente ainda relatou que o governo incentiva empresas brasileiras e americanas a atuarem para conseguir modificar a sobretaxa no Congresso do Estados Unidos.

Em entrevista à GloboNews, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, comentou a estratégia brasileira.

“Acho uma estratégia válida, até porque o setor privado tem um peso importante nessa conversa. Eles têm canais diretos com o Congresso e com setores da administração americana. Falar com eles é um passo no sentido de se conseguir aliados na discussão com o governo americano.”

Recursos

O governo brasileiro já havia anunciado ações para reagir à decisão americana. Na última sexta-feira (9), após o anúncio de Trump, o Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o Brasil entrará com recursos nos Estados Unidos contra a sobretaxa ao aço e ao alumínio importados.

De acordo com o MDIC, nos recursos o Brasil pedirá para ser incluído na lista de exceções à sobretaxa, assim como México e Canadá. Os recursos serão apresentados ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos (instância governamental) e ao Representante de Comércio dos EUA (agência responsável por desenvolver a política comercial do país).

Reforma da Previdência

Temer também falou sobre a reforma da Previdência na sessão do fórum. O presidente explicou que foi preciso priorizar a questão da segurança pública e lembrou a intervenção no estado do Rio de Janeiro.

Decretada em fevereiro, a intervenção na segurança pública fluminense barrou a tentativa de votar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.

A legislação impede mudanças na Constituição durante a vigência de intervenção. A reforma foi apresentada por meio de emenda à Carta e a intervenção tem previsão de durar até 31 de dezembro deste ano.

Temer voltou a afirmar que, entre setembro e outubro, se a situação da segurança do Rio apresentar melhoras, ele poderá encerrar a intervenção, tentando votar a reforma previdenciária até o final do ano.

G1

 

Powered by WPeMatico