Misterioso objeto interestelar pode ter água ‘alienígena’

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Ilustração mostra como o ‘Oumuamua deve se parecer – ESO/M.Kornmesser

Novas análises de informações coletadas do misterioso ‘Oumuamua, o primeiro objeto interestelar detectado pela ciência cruzando o nosso Sistema Solar, indicam que o corpo pode conter água proveniente de outro sistema estelar. Segundo pesquisadores da Queen’s University, em Belfast, na Irlanda do Norte, o ‘Oumuamua parece ter uma crosta protetora formada por material orgânico que recobre o interior rico em água congelada.

Essa seria uma explicação para o ‘Oumuamua não ter vaporizado ao passar perto do Sol, como aconteceria com um cometa. Ele cruzou o nosso sistema a apenas 37 milhões de quilômetros do Sol, mais próximo que Mercúrio. Observações feitas com telescópios não encontraram sinais de gelo ou minerais rochosos em sua superfície, como em cometas e asteroides, mas uma crosta rica em carbono.

— Nós descobrimos que a superfície do ‘Oumuamua é similar à de pequenos corpos do Sistema Solar que são cobertos em gelo rico em carbono, cuja estrutura é modificada pela exposição aos raios cósmicos — apontou Alan Fitzsimmons, que liderou o estudo publicado nesta segunda-feira na revista “Nature Astronomy”. — Nós também encontramos que uma cobertura de meio metro formada por material orgânico poderia proteger um interior rico em água, parecido com um cometa, de vaporizar quando o objeto fosse aquecido pelo Sol, mesmo a temperaturas acima de 300 graus centígrados.

A crosta externa deve ter sido formada ao longo de milhões ou até mesmo bilhões de anos de bombardeios de raios cósmicos ao longo de sua jornada.

— Esta camada superficial acontece quando você pega o gelo e a poeira de cometas e os cozinha com partículas de energia por milhões ou bilhões de anos — explicou Fitzsimmons.

O ‘Oumuamua foi descoberto no dia 19 de outubro pelo projeto Pan-STARRS, da Universidade do Havaí, passando a cerca de 85 vezes a distância da Terra à Lua. Ele é o primeiro objeto descoberto no Sistema Solar que tem origem em outro sistema estelar e sua estrutura está confundindo os astrônomos. Com formato de um charuto alongado, o corpo mede cerca de 400 metros de comprimento, mas apenas 40 metros de diâmetro, formato incomum para um asteroide ou cometa.

SUPERFÍCIE VERMELHA ACINZENTADA

Uma outra equipe de observadores, liderada por Michele Bannister, também da Queen’s University, revela que o ‘Oumuamua tem as mesmas cores que alguns dos planetas menores que o grupo vem estudando nas fronteiras do Sistema Solar. Isso significa que o sistema estelar onde o ‘Oumuamua foi formado contém planetas menores, como o nosso.

— Nós descobrimos que se trata de um planetesimal (corpo rochoso ou de gelo com diâmetro entre 0,1 km e 100 km) com uma crosta bem cozida que se parece muito com os pequenos mundos da região mais externa do nosso Sistema Solar. Ele tem uma superfície vermelha acinzentada e é muito alongado, provavelmente com o tamanho e formato do edifício Gherkin, em Londres — detalhou Michele. — É facinante que o primeiro objeto interestelar descoberto pareça tanto com um pequeno mundo do nosso sistema. Isso sugere que a forma como os nossos planetas e asteroides foram formados têm parentesco com sistemas em torno de outras estrelas.

Por causa desse mistério em torno da classificação do ‘Oumuamua, astrônomos do programa Breakthrough Listen iniciaram na semana passada uma série de quatro campanhas de observações com o maior radiotelescópio orientável do mundo em busca de sinais de inteligência alienígena. Os resultados da primeira rodada já foram divulgados e análises preliminares não detectaram artefatos extraterrestres.

O Globo

 

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