Representante de uma das famílias tradicionais da política norte-rio-grandense, a deputada federal e candidata ao Senado da República Zenaide Maia está repaginando a sua marca política. Agora ela se chama apenas “Zenaide”. Pelo menos é o que atestam as redes sociais e os programas de rádio e TV dela nestas eleições. O abandono do sobrenome “Maia” vem sendo visto como uma jogada de marketing para tentar maquiar o fato de vários de seus parentes e familiares serem réus em processo de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Seu irmão João Maia, que é candidato a deputado federal, virou réu na semana passada. O juiz Mário Jambo, da 2ª Vara Federal, decidiu pelo recebimento da ação de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato, associação criminosa e crime contra licitações, após denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF).
O irmão de Zenaide Maia passa a ser réu na Operação Via Trajana, deflagrada em julho passado pelo MPF, que apura um esquema de corrupção dentro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Rio Grande do Norte. O mecanismo envolvia o recebimento de propinas de empresas do setor de construção civil e ex-integrantes da superintendência do órgão. Segundo o MPF, o valor da propina era repartido entre João Maia e um sobrinho de Zenaide, Gledson Maia (ex-chefe de engenharia da autarquia), além de Fernando Rocha (ex-superintendente do DNIT). Do valor total, 70% era destinado ao parlamentar e os 30% restantes seguiam para os demais envolvidos.
Além de João Maia e Gledson Maia, outro irmão de Zenaide, Agaciel Maia, responde a processos na Justiça. Ele é apontado como um dos responsáveis pelo escândalo dos “Atos Secretos” do Senado, por onde diversas nomeações foram feitas com desvio de dinheiro público. Outro processo contra Agaciel é por improbidade administrativa. Ele criou o Programa Pró-50, estimulando empresas a contratarem trabalhadores com mais de 50 anos, em troca de incentivos no Imposto sobre Serviços (ISS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Neste caso, ele é investigado por facilitar renúncias fiscais das empresas envolvidas no Pró-50. A Justiça também investiga, em Brasília, o possível envolvimento de Agaciel Maia como dono de dezenas de empresas que estão em nome de “laranjas”.
NOME RENEGADO
A gravidade das investigações envolvendo a família de Zenaide Maia fez com que a deputada federal se transformasse, no Facebook, em “Zenaide Senadora 313”, uma médica com sobrenome oligárquico e que agora configura-se como uma candidata de “esquerda” ligada à candidata ao governo do Estado pelo PT, a atual senadora Fátima Bezerra. No Facebook “Zenaide Senadora 313”, ela aparece com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com chapéu de vaqueiro, além de fotos do candidato a presidente Fernando Haddad.
As postagens no Facebook ajudam a comprovar a prioridade em Zenaide e o esquecimento do sobrenome “Maia”. Uma delas refere-se ao debate realizado pela Band. Neste caso, a postagem foi: “Zenaide e Alexandre vencem o debate por 2 x 0”. Na campanha nas redes sociais em forma de vídeo o que aparece é “pergunte a Zenaide, que Zenaide responde”. Nas rádios, as chamadas são sempre do tipo “acompanhe a entrevista com Zenaide”, sem “Maia”.
No Instagram, o que se vê também é “Zenaide Senadora 313”. Zenaide Maia é esposa de Jaime Calado, que foi prefeito de São Gonçalo do Amarante duas vezes. Calado está calado e não é candidato, mas a filha do casal – Mada Calado – disputa a eleição para deputada estadual pelo PT. Mada também não usa o Maia. Por Agora RN
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