
Sentada em frente à TV na sala de seu apartamento, em Ipanema, Maria Estela Kubitschek não queria acreditar nas cenas que lhe causaram uma das maiores tristezas de seus 80 anos de vida.
Única filha viva de Juscelino Kubitschek, presidente que idealizou Brasília, a arquiteta chorou ao ver a turba golpista de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadir e depredar os palácios do governo, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, na sinistra tarde de domingo (8).
“Brasília é minha irmã caçula, que vi ser sonhada, planejada e erguida. Para mim, aquilo foi uma agressão pessoal”, diz ela à Folha, por telefone, ainda desolada com a selvageria cometida contra a capital que ela, aos 18 anos, em abril de 1960, testemunhou o pai inaugurar com os olhos marejados.
Enquanto a horda avançava em fúria sobre o patrimônio público e histórico destruindo o que encontrava pela frente, Maria Estela recebia mensagens pelo celular de gente que podia imaginar seu desespero. “Eu chorei. Não sabia se pegava um avião do Rio de Janeiro até lá para fazer alguma coisa, se rezava para papai proteger a cidade, ou o que eu podia fazer”, relembra.
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