Mulher que largou escola aos 18 anos volta a estudar e se torna professora

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mulher_volta_a_estudar_sete_anos_depois_de_abandonar_a_escola_e_se_torna_professora_2Os desafios para adultos que desejam retomar os estudos são muitos, desde a falta de tempo para conciliar escola a trabalho até a dificuldade em retomar o ritmo de estudos depois de muito tempo afastado das aulas.

Mas há quem consiga superar esses desafios. No Dia do Professor, comemorado neste 15 de outubro, o G1 conta a história da professora Angelita Melo, que lagou a escola aos 18 anos, quando cursava o 2º ano do ensino médio, retomou os estudos aos 25 e aos 31, formou-se em letras pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Hoje, como professora de uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Maceió, inspira outras pessoas que tentam recuperar o tempo perdido nos estudos em busca de um futuro melhor.

Angelita é de São Paulo e chegou à capital alagoana quando ainda era adolescente, mas nessa época já precisava trabalhar. “A escola que eu estudava teve greve e como eu trabalhava durante o dia, isso foi desestimulando. Minha rotina era cansativa e acabei deixando os estudos”, relata.

Foram mais de 10 anos fora da escola até que ela resolveu retomar os estudos. “Trabalhei, casei, tive filhas. Senti vontade de voltar a estudar, a essa altura tudo ficou mais difícil. Mas voltei. Na escola que retornei, pegava o material e estudava em casa. Depois voltava para fazer a prova. Quando essa escola fechou, mudei para outra do EJA presencial”, conta a professora.

Quando terminou o ensino médio, Angelita prestou vestibular, na época ingresso ao ensino superior ainda era por meio de Processo Seletivo Simplificado (PSS). “Nunca imaginei passar na Ufal e fiquei muito feliz. Sempre quis ser professora e o curso de Letras foi a oportunidade. Lá, estudei muito”, conta.

Depois de formada, Angelita começou a lecionar no Estado. Hoje, ela dá aula para turma regular durante o dia e à noite leciona na Escola Estadual Professor José da Silveira Camerino, conhecida como Premem.

“Minha realização é ensinar para jovens e adultos. Acompanho a evolução deles na sala de aula. A cada vitória alcançada nas atividades curriculares, nos mostram o quanto que a educação é importante. Já tive alunos que que trabalhavam o dia todo, vinham para a aula e conseguiram passar em uma universidade. Isso é muito motivador”, relata.

Os alunos do EJA tomam a trajetória de Angelita como exemplo. Um deles é o estudante Generoso Morais Lisboa, 38, que trabalha durante o dia e estuda à noite. “Depois de um dia cansativo, se não tivermos força de vontade, nos acomodados e acabamos deixando os estudos. Mas essa é a chance que temos de melhorar na vida. Ter uma professora que voltou a estudar mais velha e passou em uma faculdade estimula a continuar”, falou.

Para Angelita, não há idade para retomar os estudos ou começar a frequentar uma sala de aula. “Eu comecei a entender que a educação pode transformar a realidade e mudar a vida das pessoas. Isso aconteceu comigo e pode acontecer com qualquer um que acreditar e se esforçar”, comentou.

A professora ainda tem planos para o futuro na área da educação. “Amo o que faço, mas quero conseguir ingressar no mestrado e depois em um doutorado. Nunca vou parar de estudar. E sempre digo aos meus alunos que sei exatamente as dificuldades que eles enfrentam. Se eu consegui, eles também conseguem”, completa.

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